terça-feira, 12 de maio de 2015

As Polainas

As polainas são uns tubos de tecido impermeável que se colocam nas pernas por cima das botas. Normalmente usam-se polainas altas, que chegam até à parte de baixo dos joelhos e cuja principal função é impedir que entre neve dentro da bota, utilizando-se também polainas curtas, para o verão, que cobrem apenas até meia perna e que se usam para que não entrem pedras ou vegetação para dentro da bota. São um elemento imprescindível para as saídas à montanha no inverno. Como pesam pouco e ocupam pouco espaço, não existe problema de as levarmos sempre na mochila para as usarmos quando necessário.


Como protecção extra contra os pés molhados, devemos usar um par de boas polainas, quando caminharmos na neve profunda, vegetação alta, ou quando o tempo estiver húmido. As polainas cobrem e protegem o espaço entre a parte superior das botas e as calças, entre o joelho e o tornozelo. Também nos protegem do vento e proporcionam-nos uma camada de isolamento extra.


As polainas têm os seus antecedentes no tempo em que os antigos esquiadores noruegueses colocavam pedaços de cortiça ao redor da parte inferior das pernas para se manterem aquecidos no inverno, ou a utilização de peles de animais. Como em tudo, a alta tecnologia também se aplica ao mundo das extremidades inferiores, tanto que algumas polainas modernas não protegem apenas a parte final da perna como também a bota.


As boas calças impermeáveis já costumam trazer acopladas no seu interior e na base das pernas, umas polainas com um fecho com o qual se poderá manter as polainas abertas ou fechadas. Geralmente as polainas fixam-se por debaixo da bota com uma fita ou cordão de aço, podendo-se encontrar hoje em dia polainas de nailon, de gore-tex ou cabedal, com variados tamanhos e com abertura e fecho de zipper ou velcro.


Estrutura das polainas

  • Na parte superior costumam ter um elástico ou um cordão elástico, para impedir que deslizem para baixo.
  • A fixação mais usual por baixo da bota, são fios de aço, embora existam de outros materiais, como couro, neoprene com um reforço de kevlar no seu interior. Geralmente as polainas possuem uma fivela lateral para ajustar o aperto, de forma que o fio não fique folgado e não se prenda em nada por debaixo do pé.
  • Costumam ter fechos (zipper) laterais para facilitar a colocação. Algumas fixam-se com fitas de velcro, que impedem que a humidade passe através delas.
  • Na parte inferior, na frente, costumam ter um pequeno gancho, que se fixa aos cordões das botas, de forma a dar maior segurança, protecção e estabilidade às polainas.

As polainas não são iguais, mas sim simétricas. Uma para a perna direita e outra para a perna esquerda, distintas. Ao coloca-las, os fechos devem ficar na parte externa da perna, com os ganchos dos cordões para a frente da bota.

Características

Existe muita variedade de polainas, em tamanho, formas de ajustar e cores. As polainas devem possuir boas características de impermeabilidade e resistência, uma vez que são usadas em condições normalmente adversas e agressivas. A utilização de polainas, aumenta o poder de retenção calorífica da bota. Com chuva abundante e sempre no inverno com neve ou gelo usaremos umas polainas. O ideal serão umas polainas altas (que servirão para todas as situações), fáceis de colocar e tirar e que sejam resistentes.


As polainas são confeccionadas com diversos materiais, como o nylon, cabedal, ou kevlar. A cordura de entre 400 e 1000 Deniers está presente em quase todas, sobretudo para reforçar a parte inferior. Microfibra, Nailon, Ripstop ou Taslan são utilizados na parte superior das polainas, servindo de suporte a membranas transpiráveis e impermeáveis como o Gore-Tex e o Sympatex.
As costuras devem ser resistentes, principalmente na parte inferior do fecho, pois esta zona está sujeita a maior pressão e corre o risco de rebentar.
As polainas bem desenhadas confinam-se à perna e à bota, o que evita que se prendam com os crampons, o que se tornaria particularmente perigoso em locais expostos como cristas ou pendentes geladas.

Manutenção

As polainas simplesmente necessitam ser limpas de vez em quando com um pano húmido, e garantir que secam completamente após a sua utilização.

Marcas

Existem imensas marcas no mercado, mas entre as marcas mais conhecidas encontramos as polainas Artiach, Millet, Altus, Queshua, etc…

Convém recordar que as polainas foram concebidas para uso em terreno nevado, no entanto são muito úteis em terrenos secos, húmidos, com muita vegetação ou no deserto inclusive, pois impedem que se introduzam pedras, barro, picos das plantas, água, ou areia dentro do calçado, protegendo ainda a perna contra as roçaduras em pedras ou fendas e ainda podem servir de protecção contra a mordedura de cobras ou animais rastejantes, que geralmente atacam na zona dos pés ou caneleiras.

Desvantagens

A única desvantagem das polainas é que atrapalham um pouco a evaporação da transpiração dos pés.

Conselhos

  • Após colocar a polaina, puxar o cano da meia o máximo que se conseguir para fora desta, de forma a facilitar a evaporação do suor do pé através da meia.
  • Em situações de chuva ou tempo húmido, colocar a calça impermeável por cima das polainas, aliviando ou abrindo a parte superior desta junto ao joelho, de forma a permitir a eliminação de maior quantidade de humidade do pé provocada pelo suor.
  • Sempre que possível, aliviar a parte superior da polaina, de forma a facilitar a evaporação da humidade do pé.


Nunca se esqueçam deste acessório quando se deslocarem para a montanha, pois a qualquer momento iremos precisar de as usar, é uma pequena coisa que poderá significar a diferença entre conforto e sofrimento.


Fonte: CMB

quarta-feira, 6 de maio de 2015

Meias e os Pés

Dificilmente um principiante na prática do montanhismo, dará a devida atenção às meias que usará para esse fim. Na sua maneira de pensar, será preferível comprar material técnico e poupar no preço que pedem por um par de meias, pois pode-se remediar a situação com umas meias vulgares, além de que não fazem a menor ideia do tipo de meia apropriada para usar em cada actividade. Esta ideia está errada, claro, mas por desconhecimento esse amador concerteza irá aprender a lição da pior forma.

Convém frisar que não adianta comprar uma boa bota de montanha e descourar uma boa meia, pois com uma meia fraca, rapidamente os pés ganharão bolhas, e ficarão humedecidos gelando e tornando uma actividade que deveria ser um prazer, num grande martírio e tortura.

Os pés necessitam de cuidados especiais, se pensarmos que é uma das partes do corpo mais importantes para que qualquer actividade de montanha seja bem sucedida. Não podemos deixar que a sua importância seja apenas evidenciada quando surgirem problemas, precisamos de pensar mais carinhosamente nos nossos pés. As meias são responsáveis pelo conforto e segurança dos pés do montanhista, tanto como o calçado utilizado.

O uso diário de calçado apertado e inadequado, pode provocar em alguns casos, o aparecimento de enfermidades na pele ou outros problemas, como micoses, frieiras, pé de atleta, bolhas, bursite, calos, rachaduras no calcanhar, dores na sola dos pés, alguns oriundos de infecções por fungos resultantes da humidade e podendo inclusivé surgir problemas ósseos.

Os pés precisam de respirar e ficar distantes da humidade, e para que isso seja possível, a escolha de calçado adequado aliado a uma meia tecnicamente apropriada é fundamental. Evite botas totalmente impermeáveis se forem usadas por longos períodos, pois se pensarmos que a água não entra, temos que ver que na maioria dos casos, o suor também não sai e então estaremos a prejudicar seriamente os nossos pés.

Nos primórdios das escaladas, e até à pouco tempo atrás, os montanhistas usavam meias grossas de lã, que no entanto são um espectacular isolante térmico e que mesmo hoje é difícil superar as suas características naturais. No entanto as coisas evoluem e claro, as meias não escaparam a esta evolução.

Actualmente as melhores meias são fabricadas em Coolmax, ou diferentes combinações de Lã de Merino e Coolmax. Embora existam diferentes tipos de Coolmax, todos têm mais ou menos as mesmas características e produzem o mesmo efeito.

Actualmente as empresas que lideram o mercado das meias são diversas e contam-se entre outras a Lorpen, a Wigwam, a Fox River, a Thorlo, a Solo, a Curtlo, a Kailash, a Quéchua, Accapi, Bluehills, Boomerang, Boreal, Bridgedale; Eurosock, Hi-tec, Joluvi, Mico, Mund, Smartwood, Thorlo, etc.

Tipos de fibras têxteis

Os materiais com os quais são fabricadas as meias classificam-se em dois grupos distintos, os de fibras naturais e os de fibras sintéticas.

Fibras naturais

Apesar da variedade de tipos e marcas de meias que se encontram hoje em dia, há quem defenda que as boas meias de lâ continuam a ter as suas vantagens.

No entanto também existe quem defenda que as meias confeccionadas em algodão, embora aparentem ser mais confortáveis, não são adequadas para desportos de montanha.

Este tipo de meias não são aconselhadas quando se trata de ambientes de clima quente e húmido, porque as fibras do algodão possuem a maior capacidade de absorção de humidade de todas as fibras existentes, podendo absorver até 30% do seu peso em humidade, e neste caso o suor eliminado pelos pés ficará retido na meia até atingir o ponto de saturação, criando um ambiente favorável para a proliferação de microorganismos e fungos, além de que os pés ficarão envolvidos num material pesado e de difícil secagem.

No entanto, as meias de lã, são indicadas para locais de clima seco e frio, para actividades normais onde o seu uso não será prolongado por mais que um dia no máximo, porque desta forma o pé ficará livre de humidade, uma vez que o suor do pé será absorvido pela lã. A lã é elástica, absorve bem o suor e mantém os pés resguardados, inclusive quando estão molhadas. A razão para isto é que a superfície peluda da lã retém o ar, mesmo quando molhada. A lã sêca absorve o suor e permite que a pele transpire e elimine a humidade, mantendo a superfície razoavelmente sêca. Um par de meias grossas de lã, com outro par mais fino por baixo, também de lã, formam uma boa combinação.

Fibras sintéticas

As fibras sintéticas apresentam uma série de características importantes. Entre as diferentes denominações tecnológicas de fibras têxteis encontramos o poliéster, a poliamida, o polipropileno, o acrílico entre muitos outros. No entanto todos possuem uma das características mais importantes que é a acção antibiótica de carácter permanente, isto porque estes materiais são hidrófobos, ou seja, não retêm a água, o que resulta num material que não favorece a instalação e proliferação de fungos e bactérias.
Tecnologia da tecelagem

Devemos também considerar a importância da tecelagem no processo de fabrico das meias, pois em certos modelos de meias o tecido possui a trama e a espessura diferenciada, tudo realizado num processo sem a necessidade de costuras. A importância disto é visível nas meias, onde são criadas zonas com funções específicas, como de absorção e de eliminação de humidade, assim como de textura onde se dividem as zonas de amortecimento e acolchoamento.

Desenvolveram-se duas novas tecnologias para maior performance e conforto das meias, a LIFEFIT (tecnologia aplicada à tricotagem das meias) e TRILAYER (tecnologia aplicada aos fios). Além disso são utilizados diversos tipos de fios, naturais e sintéticos, específicos para condições e climas diferentes.

Tecnologia LIFEFIT

Na tecnologia LIFEFIT são diferenciadas as estruturas de fabrico das meias masculinas e femininas, sendo que nesta última a meia adapta-se perfeitamente aos pés femininos, pois possui as partes da frente e de trás mais estreitas. Ambas possuem as seguintes características:


1. Lycra Plus – 10% de Lycra na estrutura da meia, fazendo com que ela se ajuste perfeitamente ao corpo. Evita que a meia fique larga e deslize saindo do seu lugar.

2. Multi Density Knit – A meia possui densidade (acolchoamento) diferentes para cada parte, conferindo maior conforto ao pé.

3. Mesh Instep – Sistema que permite uma melhor fixação da meia ao pé, diminuindo a sua espessura e melhorando a ventilação, o que diminui o acumular de temperatura nos pés.

4. Narrow Heel+Forefoot – A meia adapta-se perfeitamente aos pés femininos, pois possui as partes da frente e de trás mais estreitas.

5. Flat Knit Toe Seam – A biqueira da meia é unida ponto a ponto com o seu lado contrário sem fazer relevos que possam incomodar os dedos, resultando em máximo conforto.

Tecnologia TRILAYER

Na tecnologia Trilayer, as três camadas de fibras diferentes combinam-se para uma melhor performance. A primeira camada ou, camada interna, é constituída de fibra sintética Coolmax, no qual a humidade dos pés passa através desta camada para a segunda camada, deixando os pés livres de humidade.

A segunda camada ou, camada intermédia, é constituída de fibra natural, variando entre Tencel e Lã de Merino, dependendo da aplicação. Todas são hidrófilas, tendo a propriedade de absorver a humidade e deixa-la evaporar facilmente. O Tencel é mais usado para Primavera e Verão, enquanto a Lã Merino é mais recomendada para Outono e Inverno. O Tencel também é um anti-bacteriano natural, inibindo a proliferação de microorganismos.

A terceira camada ou, camada exterior, é constituída por fibras de Poliamida, mais conhecido como nylon, e representa a protecção contra a abrasão.

Para cada actividade existe uma meia específica

Existem diversas e diferentes linhas de meias, para Outdoor, Multisport, desportos de inverno, etc, cada uma voltada para as necessidades e exigências de cada gama desportiva.

Na linha Outdoor, as meias são desenvolvidas para uma grande variedade de actividades ao ar livre, desde caminhadas mais leves a expedições em alta montanha. São classificadas como Hicking, Trekking e Expedition e de acordo com a sua espessura são classificadas em light, midweigth e heavy.

Os Liners são meias desenvolvidas para serem usadas em conjunto com uma meia normal para Hicking ou Trecking. São mais finas e ficam bem justas ao pé, como uma segunda pele.

A linha Multisport possui meias para corridas e pedaladas, na montanha ou em áreas urbanas. Todas possuem Coolmax na sua composição, garantindo eficiência na evaporação do suor e portanto mantém os pés sempre secos.
Na linha Walking, as meias desportivas são para caminhadas leves. Ideais para quem quer ficar em forma, ir ao ginásio e caminhar no parque. Assim como as meias Multisport, o seu principal componente é o Coolmax, que permite a eliminação do suor, mantendo os pés sempre secos.

As meias para desportos de Inverno, são adequadas para desportos de inverno como esqui e snowboard. Possuem reforços nos locais que sofrem maior abrasão dentro das botas, aumentando a durabilidade das meias. Também podem ser usadas de forma casual, apenas para proteger os pés do frio.

Para montanhismo, vamos apenas aprofundar as linhas Liners e Outdoor.

Linha Liners

Para actividades pesadas ou prolongadas, o ideal é utilizar dois pares de meia em conjunto, uma mais fina junto à pele e outra mais grossa que fará o contacto com o calçado. A primeira encarrega-se de transportar mais rapidamente a humidade para fora de forma a manter o pé seco. A segunda encarrega-se de além de extrair a humidade originada pela primeira meia, de manter o conforto nos pontos de maior esforço. Os Liners também são muito conhecidos pela capacidade que têm de evitar o aparecimento de bolhas, não apenas por diminuir a humidade dos pés, mas justamente porque actuam como uma segunda pele. Quando usamos meias grossas, os pés acabam por deslizar dentro da meia. Esse atrito entre o pé e a meia, por mais macia que esta seja, acaba causando bolhas. Porém, ao usar um Liner, o atrito dá-se entre a meia grossa e o Liner, resolvendo o problema.

As meias Coolmax, Liner e Polycolon Liner, podem ser usadas por baixo de outra meia mais grossa, diminuindo a probabilidade de formação de bolhas nos pés. Já a meia Thermolite Liner, além de diminuir a probabilidade de aparecimento de bolhas, também é usada como uma camada extra de isolamento, uma vez que o Thermolite ajuda a aumentar a temperatura.

Linha Outdoor

Dentro da linha Outdoor, encontram-se meias para caminhadas leves, como é o caso da Meia Trilayer Light Hiker, com acolchoamento parcial de pouca espessura da sola, confeccionado com sistema Trilayer em versões masculina e feminina, indicada para utilização nas duas estações mais quentes do ano mais o Outono.
Esta linha tem também meias para caminhadas moderadas, como a Meia Trilayer Midweight Hiker, que possui acolchoamento total de espessura média da sola. Confeccionada em três camadas, Poliester, Hidrofóbico (PrimaLoft), fibra natural (Lã de Merino) e Poliamida (Nylon), sendo indicadas para uso no Outono e Inverno.
Meias como a Trilayer Heavy Trekker, foram desenvolvidas para serem usadas em caminhadas pesadas. É um modelo unisex confeccionado com sistema Trilayer composto por três camadas, Poliester hidrofóbico (Primaloft), fibra natural (Lã de Merino) e Poliamida (Nylon), com grande espessura de acolchoamento da sola, e também indicadas para usar nas estações mais frias, como o Outono e o Inverno.Já a Meia Trekking & Expedition, é usada para caminhadas pesadas e expedições. O modelo Unisexo é confeccionado com 2 camadas de Polartec Power Stretch e uma camada intermédia de Primaloft. Este tipo de meias foram testadas em expedições efectuadas acima dos 8000 metros de altitude.

Dicas

È preferível usar dois pares de meias quando caminhamos, especialmente se tivermos botas de couro, pelo facto que os dois pares evitam o roçar do pé na bota, evitando desta forma a formação de bolhas nos pés. Convém levar sempre na mochila um ou dois pares de meias suplentes, para que se possam trocar durante as marchas. Se durante uma marcha formos trocando as meias do pé esquerdo para o direito e vice-versa, obteremos um resultado semelhante a trocarmos por uns pares novos. È importante manter as meias o mais limpas possível, visto que umas meias sujas isolam pouco, absorvem menos suor e aumentam a possibilidade de ganhar bolhas, de cretar os pés e contrair alguma doenças característica dos pés. Quando estamos de pé, o peso do nosso corpo comprime as meias eliminando mais ou menos todas as suas características de isolamento. O frio introduz-se rapidamente através da sola altamente condutora nas nossas botas, e antes que demos conta, teremos os dedos tesos de frio. As palmilhas têm a função principal além do conforto, de reter as camadas de ar imóvel que são tão importantes. Pelo que as palmilhas e os forros de neoprene das botas são importantes para manter os pés quentes.

Algumas características de tipos de meias técnicas

Merino – Lã muito fina de pelo de ovelha merino, originalmente criada em Espanha e mais tarde na França e outros países Europeus. Hoje em dia é produzida principalmente na Austrália. A lã de Merino é utilizada actualmente na maioria das meias em função das suas fibras longas e sedosas, que aquecem os pés e não causam comichão.

Italian Wool – Mistura contendo 50% de Lã de Merino e 50% de acrílico. Alia os benefícios da Lã de Merino (macias e poder calorífico) e as do acrílico (secagem rápida).

Tencel – É uma fibra de celulose feita a partir da polpa de madeira, um recurso natural e renovável que é retirado das florestas gerenciadas e auto-sustentáveis. Tencel é fabricado usando-se nanotecnologia, o que faz que as fibras possuam um alto poder de absorção e evaporação da humidade, sendo a fibra natural de maior eficiência. Além disso o Tencel possui características que o tornam um inibidor da proliferação de microorganismos natural.

Modal – Assim como o Tencel, o Modal é uma fibra de celulose a partir da polpa da madeira. É 50% mais higróscópico que o algodão, garantindo uma maior eficiência na absorção e evaporação da humidade dos pés.Natural Silk – A seda é uma fibra de toque suave, que aquece levemente e mantém os pés secos. Além disso, o seu volume é reduzido, fazendo com que a meia seja mais leve.

Algumas denominações técnicas de meias encontradas no mercado

Coolmax – É uma fibra de tecnologia única, especificamente desenvolvida para manter os usuários secos e confortáveis. Feito de poliéster, o coolmax possui uma grande área superficial. Esta fibra especial de 4 ou 6 canais, cria um sistema de transporte que puxa a humidade para longe da pele. A unidade evapora e portanto termo-regula o corpo por um processo conhecido como resfriamento evaporativo.

Coolmax Fresh FX – É a mesma fibra de Coolmax, porém com propriedades anti-microbianas, que mantém os pés secos e sem odor.

Thermolite – Fibra que mantém os pés secos e aquecidos, mesmo quando húmidos. É a fibra mais leve que confere maior performance quando se trata de aquecimento. As suas fibras ocas aprisionam o ar, que actua como isolante. Além disso, seca 20% mais rápido do que as outras fibras de isolamento e 50% mais rápido que o algodão.

Polycolon – É um fio de prolipropileno de alta qualidade, desenvolvido pela Schoeller Austria. O polycolon mantém a performance dos pés pois mantém-os secos por mais tempo. É leve e resistente. Pelo facto de ser hidrófobo, seca rapidamente.

Polartec – A mundialmente famosa fibra de Polartec, possui grande capacidade de isolamento térmico e é usada geralmente nas meias para alta montanha.PrimaLoft – É uma microfibra ultra fina (40% do tamanho da fibra de lã de Merino), desenvolvida de forma a ser um excelente isolante térmico. O PrimaLoft seca 30% mais rápido e transporta a humidade duas vezes mais rápido que a Lã Merino. A fibra PrimaLoft tem metade da espessura da Cashmere e é 2,5 vezes menor que a fibra de Lã Merino.

Curiosidades

  • Quando somos crianças, possuímos umas pretuberâncias almofadadas na base do pé que amortecem e minimizam as cargas que se acumulam sobre o pé ao caminhar. Com o passar dos anos e devido ao apoio do nosso peso de maneira incisiva em vários pontos da nossa planta do pé, vamos perdendo esta protecção natural, o que vai provocando moléstia e dores nos pés. Porém estas moléstias podem ser maiores se os nossos pés forem excessivamente chatos ou côncavos, pois o arco plantar, que actua como amortecedor, perde a sua função.
  • Um calçado pouco adequado exerce pressões e produz fricção ou o deslizamento do pé, o que produz queimaduras e ardor na pele. O movimento natural de andar também produz um sobredimensionamento da pele em cada apoio. A excessiva pressão causa uma ruptura das capas internas da pele, fazendo aparecer uma bolha. Num bom par de meias técnicas, a fricção do movimento que causa as bolhas ocorre dentro das fibras das meias e não nas capas internas da pele.
  • O pé em actividade e no interior de uma bota de trecking transpira com uma intensidade média de 200 ml por cada hora, é o equivalente a um copo de água. Por este motivo devemos evitar usar meias de algodão que reduzem a transpiração e acumulam a água.
  • Num pé adulto existem cerca de 250.000 glândulas sudoriparas, sendo um dos locais favoritos para o desenvolvimento de fungos e bactérias. A reprodução das bactérias nos pés durante a prática desportiva aumenta de forma geométrica até chegar às 6 horas, onde a reprodução se estabiliza. Assim ao fim de uma hora existem 89 bacterias por ml, ao fim de 2 horas existem 161 bacterias por ml, ao fim de 3 horas existem 256 bactérias por ml, ao fim de 4 horas existem 301 bactérias por ml, ao fim de 5 horas existem 308 bactérias por ml e ao fim de 6h existem 316 bactérias por ml. È uma luta desigual dos nossos pés contra tantas bactérias. No entanto existem dois sistemas para aniquilar as bactérias, os tratamentos químicos e a prata. Os tratamentos químicos são os mais utilizados e funcionam somente durante as lavagens dos pés, tendo uma resistência limitada em face do número de lavagens. A Prata é um fio de fibra revestido com uma capa de prata pura de forma permanente, sendo de momento o melhor sistema. A prata é o agente anti-bacteriano mais recomendado no meio médico e cientifico (filtros depuradores de água, contém oxigénio, ortodoncia, pediatria, urologia). Assim sendo, a prata tem imensas vantagens quando utilizada no têxtil, tendo uma função Antibacteriana – elimina mais fungos, vírus, protozoios e bacterias do que qualquer outro agente anti-bacteriano, prevenindo o mau odor e o pé de atleta. Anti-estático – Impede a acumulação de electricidade estática. Termorregulador – Usa a condutividade térmica da prata para regular a temperatura corporal em qualquer situação. Condutor terapêutico – A capacidade de condução eléctrica da prata combina-se com os campos magnéticos gerados pelo corpo humano, oferecendo benefícios similares aos que se obtém com a acupunctura. Para compreendermos um pouco melhor como actua a prata, convém informar que os iões da prata fixam-se na superfície das células das bactérias e impedem a respiração celular. Por outro lado, ao unir-se aos compostos de hidrogénio da sequência do ADN, destroem a estrutura helicoidal das células da bactéria. O resultado é garantido com uma acção protectora continua e permanente, inclusive após tirar-mos as meias e não apenas quando as temos calçadas. Segundo estudos e vários testes de meias com agentes de prata, constatou-se que 90% das pessoas tinham colónias de bactérias nos pés antes do seu uso continuado. Depois do seu uso, cerca de 92% das pessoas não apresentavam nenhum tipo de bactérias nos pés.
  • Conta-se que o Rei Artur usava uma armadura de ouro. Lançelote preferia usar uma armadura de prata, a qual o protegia do odor resultante da excessiva soduração durante as batalhas. Por esta razão, Guinevere preferiu Lancelot em vez do Rei, que não devia cheirar especialmente bem.
  • Os famosos pioneiros e cowboys americanos usavam a prata devido ao seu poder desinfectante, concretamente para purificar a água que utilizavam repetidamente para tomar banho.
  • No ano 500 a.c., Cyrus o Grande, transportava água em grandes cisternas de prata. Este procedimento evitava os danos por infecções durante as batalhas, as quais se prolongavam durante meses, percorrendo grandes distâncias.
  • Actualmente utilizam-se chávenas de prata na medicina neonatal para prevenir infecções.
  • A pasta dentífrica utilizada pelos dentistas também tem uma base de prata.
  • A prata é um elemento eficaz para tratar queimaduras, uma vez que destrói bactérias e favorece uma reconstituição natural da zona tratada.


Por: Amadeu Barros

segunda-feira, 4 de maio de 2015

Calçado de montanha


Muitas vezes se houve dizer que um quilo nos pés, é o equivalente a cinco quilos nas costas. É uma afirmação que não se baseia apenas em frios dados clínicos ou científicos, mas também pela incómoda realidade da experiência.
 
Durante anos as bolhas nos pés e a forma como as curar, foi uma parte desafortunada das actividades ao ar livre. Seja por usar botas novas a estrear, ou porque as meias roçam onde não devem, ou ainda por usar botas demasiado rígidas para as actividades para que foram desenhadas. 

Seria absurdo dizer agora que as botas normais de couro apenas trazem incomodidade, mas durante anos ouvimos dizer que este tipo de botas eram as únicas que podíamos eleger para a montanha. Esta visão dogmática foi apoiada pelos centros de montanha, pelos autores de manuais práticos e diversas equipas de salvamento, possuídos pelo síndroma de “usarás botas fortes”. Estas mentalidades estão a mudar. As pessoas começam a admitir que as pesadas botas de marcha são um problema, são dispendiosas, durante as primeiras marchas e até que se moldem ao pé podem ser incómodas e produzir bolhas, degradam o terreno macio e por vezes usam-as somente para manter a imagem do “macho”, a tentativa do “domingueiro” para se identificar com os heróis da montanha. Felizmente estamos a alcançar um ponto em que podemos eleger. À cerca de 65 anos atrás, a incorporação de materiais de borracha nas solas originou um grande salto na evolução do material de montanha, uma vez que pela relação qualidade/dureza/aderência, superou largamente os materiais existentes até então. 

Este fenómeno é paralelo à explosão da industria do calçado desportivo. As sapatilhas de desporto transformaram-se mais além do imaginável durante os anos setenta. A ciência da pedologia, os novos sistemas de produção e os novos materiais, combinaram-se para o fabrico do novo calçado desportivo de alta tecnologia, que é mais ligeiro e mais forte que o seu antecessor, os quais oferecem amortecedores interiores, reforços para o calcanhar e solas especiais. Cada vez mais, as pessoas substituem as botas tradicionais pelas confortáveis sapatilhas desportivas, nas incursões à montanha, apercebendo-se da liberdade que confere um calçado com estas características. Em 1978, a expedição americana K2 calçou-se com sapatilhas Nike LDV durante todo o trajecto excepto no terreno mais difícil da marcha de aproximação e Reinhold Messner assombrou os tradicionalistas quando anunciou que subiu até aos 8000 metros no Evereste em solitário e sem oxigénio com sapatilhas calçadas. Não é necessário dizer que os fabricantes de calçado desportivo rapidamente ampliaram este novo mercado, dando origem à revolução das botas de marcha, resultando em botas de marcha sintéticas adequadas a grande variedade de terrenos, desde o simples passeio a difíceis vias de escalada.

As botas tradicionais

Na realidade, as botas de marcha. Como as conhecemos, estão a sofrer mudanças radicais. A preocupação tecnológica, uma maior preocupação pela comodidade e o interesse em reduzir ao mínimo o impacto ecológico, estão a converter as botas de montanha de médio e alto peso em algo obsoleto. 

Actualmente o montanheiro especializado tem vindo a substituir o seu calçado por botas de plástico mais ligeiras, no entanto, no inverno, quando o solo está coberto de neve e é necessário colocar crampons para enfrentar as pronunciadas pendentes geladas, dá uma certa confiança sentir os pés protegidos por um par de rijas botas de couro com solas normais de Vibram. Foi na década dos anos 80 que apareceram as primeiras botas com carcaça de plástico que em condições de frio extremo, superavam em propriedades térmicas, as de pele. O aparecimento das botas plásticas, não implicou o desaparecimento das clássicas botas de pele, pois com as botas de pele obtém-se maior flexibilidade e sensibilidade. As botas de pele transmitem melhor as sensações de agarre e tracção e obtém-se um maior controle da pisada permitindo ainda uma transpiração que evitará problemas nos pés. Recentemente, com a tentativa de melhoramento dos materiais, apareceram os primeiros substitutos das botas plásticas por botas com exteriores de pele, com tratamentos hidrófugos que as mantêm impermeáveis e transpiráveis, e forros interiores de grande retenção térmica. 

Umas botas de couro de qualidade, suficientemente grandes para poder colocar dois pares de meias e permitir inclusive que os dedos se movam, constitui algo de necessário para o montanhismo com neve. O couro de qualidade tem uma resistência natural à água e impermeabiliza-se com facilidade. É importante que as botas tenham o mínimo de costuras, uma vez que estes são os pontos mais permeáveis. Uma boa sola e uma língua de costura interna são também importantes para manter a água distante. Obviamente, quanto mais impermeáveis sejam as botas, maior é o risco de a condensação nos humedecer os pés.

Tipos de botas 

Os sapatos de marcha são na realidade, sapatilhas desportivas reforçadas, desenhadas para excursionismo de um dia em climas secos, ou para os que querem caminhar mais ligeiros. A parte superior neste tipo de calçado, costuma ser de nylon, reforçado com couro ou com emplastro e a sola normalmente é mais dura que a de umas sapatilhas normais. 



A bota de aproximação, distingue-se dos sapatos de marcha através dos reforços do tornozelo mais altos, mais almofadados, maior suporte e maior impermeabilização. As botas de aproximação, são ideais para o montanhismo de verão porque são leves e confortáveis e inclusive têm um bom suporte devido aos reforços rígidos do calcanhar. O nylon com emplastros de couro é o material mais utilizado no seu fabrico. Utilizam-se forros de Gore-tex para aumentar a impermeabilidade. Os montanheiros que costumam sofrer com os pés molhados, podem achar as botas de aproximação demasiado leves e porosas. 


As botas de marcha de média montanha, parecem-se mais com as botas tradicionais do que com as sapatilhas desportivas. São mais pesadas que os sapatos de marcha e as botas de aproximação. Muitas botas de marcha tentam unir a alta tecnologia e resultado das sapatilhas desportivas, com o conforto, a estabilidade lateral e a impermeabilidade das botas tradicionais. Muitas conseguiram-o. No entanto convém questionar se vale a pena comprar umas botas sintéticas que pesam tanto como as tradicionais de couro. 


Partes de uma bota técnica de montanha

  1. Biqueira rígida para a protecção dos dedos. 
  2. Palmilha removível, absorvente e transpirável.
  3. Entre-sola flexível e anatómica com torção longitudinal para maior controle.
  4. Dupla e tripla costura.
  5. Gancho com sistema auto-bloqueante.
  6. Cordão de alta resistência.
  7. Anilhos de costura rápidos e inoxidáveis.
  8. Gola da canela acolchoado.
  9. Presilha para ajudar a calçar a bota.
  10. Membrana impermeável e transpirável.
  11. Zona acolchoada para auxiliar o conforto.
  12. Suporte rígido para envolver e proteger o calcanhar.
  13. Amortecimento.
  14. Densidade média para amortecimento.
  15. Solas com desenho anti-deslizante.
  16. Parede lateral, para suportar o pé no debrum.
  17. Exterior em pele hidrofugada.
  18. Protecção adicional para as costuras da entre-sola. 





Construção e materiais de uma bota moderna ligeira

A maioria das botas têm solas de EVA e palmilhas ortóticas de espuma de Frelin amovíveis. EVA significa Etil-vinil-acetato e Frelin é o nome de uma fibra de polietileno. Quando se combinam na sola intermédia, formando um emparedado de distintas densidades, o EVA melhora a estabilidade e o almofadado. A função da palmilha de Frelin é semelhante, permitindo moldar-se à forma do pé do caminhante. A maioria das botas actuais são sintéticas, ainda que existam algumas botas ligeiras de couro. O nylon de grosso calibre costuma utilizar-se com emplastro e reforços de couro, cosidos geralmente à volta do sapato no ponto onde se juntam a parte superior com a sola. Existe uma variada gama de solas, no entanto a tradicional sola de Vibram continua a ser a mais comum. Ainda dentro do Vibram existem diferentes modelos, tendo alguns o desenho pouco pronunciado causando assim menos danos ao terreno. Em todas as solas, a tracção é importante. Algumas botas têm solas com tacos biselados que se apoiam no terreno de um modo natural e contribuem eficazmente para uma passada cómoda. 

Entre as partes de uma bota técnica de montanha podemos destacar:


Solas

A borracha é o elemento mais utilizado. Segundo o material e o desenho recortado na sola, teremos maior ou menor aderência em terrenos molhados ou gelados. Os recortes destas solas estão projectados para expulsar o barro e elementos que possam aderir aos mesmos (fig.3). A repartição das distintas densidades da sola, principalmente do calcanhar, ajudará a amortecer os impactos de choque do nosso corpo contra o terreno (fig.1 e fig.2). Este efeito também se consegue em alguns modelos através de câmaras de ar situados igualmente debaixo do calcanhar. As solas com escassa absorção de impactos, transmitem as ondas perceptíveis da planta do pé até à base dos músculos quadricips, enquanto que em todas as solas técnicas, apenas alcança o joelho. O recortado destas solas está concebido para que em descidas, o calcanhar retenha a bota e não deslize (fig.4), enquanto que nas ascenções consegue melhor aderência graças à biqueira (fig.5) e ainda, a forma e resistência das laterais (fig.6) proporciona um melhor agarre do pé nos lados evitando torções e lesões devido às irregularidades do terreno. Algumas solas dispõem de uma ranhura na biqueira e no calcanhar, propositadamente para acoplar crampons de fixação automática. Da mesma forma que acontece com os pneus dos carros, a borracha de que são compostas as solas do calçado, envelhece com o passar do tempo, pela acção do frio, do calor, da oxidação e dos raios UV, sendo o resultado num endurecimento do material que irá perdendo características de aderência. Por este motivo, a partir dos 4 ou 5 anos, mesmo que o calçado não tenha demasiado uso e ainda conserve um aspecto bom, simplesmente por razões de segurança, devemos questionar-nos se o escorregar contínuo não nos estará a advertir que é necessário substituir as nossas queridas botas. 

Palmilhas

As palmilhas são fabricadas em diversos e diferentes materiais e densidades, oferecendo grande comodidade ao arco plantar. As formas anatómicas permitem um apoio perfeito do calcanhar ao encaixa-lo na base da bota (fig.7), configurando assim um sistema anti-torção e de controle da queda interior ou exterior do calcanhar (fig.8). Algumas palmilhas são fabricadas com orifícios de arejamento e canais de evacuação para a circulação do ar. Tudo isto contribui para combater as fadigas musculares. 
Interiores
Existem botas que possuem uma peúga de membrana situado entre o forro interno e a carcaça externa, que combinado com o termoselado das costuras e a protecção dos ganchos metálicos, impermeabilizam totalmente a bota, permitindo ainda a transpiração da pele. Convém esclarecer que este tipo de membranas ao ser combinadas com os distintos materiais da bota e o ácido da pele, vai perdendo qualidades. O mesmo efeito produz a flexão repetida que se produz ao caminhar, o elevado peso corporal e o deslizamento do pé que causam micro dessa garres interiores do material, razões pelo que após 3 ou 4 anos e dependendo do tratamento a que estejam sujeitas, a membrana perderá a sua total flexibilidade. São materiais que cumprem exigentes normas internacionais de qualidade, mas às quais não podemos exigir o impossível. Materiais térmicos com espessuras mínimas, comuns nas botas de alta montanha, isolam os pés do frio exterior sem provocar volume nem peso adicional e permitindo melhor tacto sobre o terreno. No caso das botas de plástico, as polainas interiores são independentes das carcaças exteriores e amovíveis. Além do mais, as botas plásticas são usadas exclusivamente para alta montanha e condições extremas devido ao poder de retenção térmico que possuem.

Exteriores e carcaças

Para a confecção dos diferentes tipos de botas utilizam-se , desde as carcaças independentes de plástico nas botas de alta montanha e expedição, ao nylon cordura, camurça e peles para o exterior, com o que se consegue comodidade, adaptabilidade e resistência à abrasão. O hidrofugado das peles e a impermeabilização dos nylons e camurças, conseguem repelir a água protegendo os materiais contra a humidade exterior. As costuras são reforçadas, com costuras duplas e triplas para conseguir uma extraordinária solidez e durabilidade do calçado. As biqueiras estão reforçadas interiormente com uma peça rígida para proteger os dedos dos pés de golpes, assim como o reforço que envolve o tornozelo e o mantém firme. Os cordões super resistentes permitem um fiável laçado e um uso prolongado. Alguns modelos dispõem de ganchos de sistema auto-bloqueante, que permite variar a tensão do cordão para poder laçar, independentemente da pressão da biqueira e da pressão da cana da bota. O reforço acolchoado adicional em volta da cana da bota, dá maior comodidade sobretudo nas descidas. Os modelos exclusivamente femininos e infantis estão desenhados de maneira que ao longo do peito do pé sejam um pouco mais reduzidos e a zona do tendão de Aquiles ajustado à sua morfologia para conseguir uma maior adaptação.

Tipos de peles

Existem vários tipos de peles com as quais podem ser confeccionadas as botas de montanha. Para a confecção de uma bota de montanha de pele, devem utilizar-se peles de animais saudáveis e seleccionar-se somente as melhores zonas, como por exemplo as costas, para conseguir responder às altas exigências necessárias para uma prestação e duração óptimas do material. Uma vez curtida a pele do animal, esta será cortada e dividida em 3 capas:

  • Flor: É a parte mais exterior da pele e portanto a de maior qualidade. A pele Flor por sua vez está dividida em dois tipos, segundo o tratamento aplicado. 
  • Brilho: É a pele Flor sem nenhum tipo de tratamento. O seu aspecto é brilhante e costuma ser mais barata que a Flor Nobuk. 
  • Nobuk: Trata-se da pele Flor à qual se aplica um processo de raspagem para conseguir um maior índice de transpiração e um aspecto e tacto mais suave e agradável. É o tipo mais caro e de maior qualidade. 
  • Camurça: trata-se da segunda capa que aparece no corte da pele de animal. É uma peça de menor qualidade que a Flor, mas por sua vez mais económica. Para calçado de media montanha ou trecking ligeiro e hicking, pode ser uma boa opção. 
  • Crupon: É a ultima capa que se pode conseguir. São retiradas das barrigas e patas dos animais, sendo as peles mais baratas e de pior qualidade. Não podem ser usadas para a confecção de material tão exigente como são as botas de montanha. Esta pele costuma ser utilizada para a confecção de calçado barato e inclusive alguns fabricantes chegam a utiliza-la em imitações de botas de montanha que apresentam uma duvidosa qualidade. 

Vamos às compras

Como escolher a melhor bota, segundo a utilização.
A actividade que vamos realizar em conjunto com o tipo de terreno que vamos pisar e a época do ano em que faremos a actividade, são o kit da questão. Antes de comprarmos umas botas, devemos levar em conta estas 3 coisas bem claras. 
Se realizas pequenas incursões na montanha e somente desejas aproximar-te da natureza, andar por veredas e caminhos, deves eleger uma bota de caminhada ou hicking. 
Se desejas um calçado para utilizar numa suave caminhada de fim de semana em media montanha, com destino a um local confortável e seguro, deves eleger umas botas de trecking ou de couro. As botas de couro cada vez se utilizam menos, mas são uma boa opção a levar em conta, pois normalmente duram mais desde que tenham um bom tratamento. Estes dois tipos de botas são suficientemente flexíveis e ao mesmo tempo robustas para proporcionar um bom conforto e comodidade neste tipo de actividades e de terreno. Devemos procurar as botas que tenham uma sola suficientemente firme e dotada de um bom desenho e rasgos adequados. Para este tipo de actividades, as botas devem ter cano para proteger o tornozelo de torções. Não necessita de uma cana como as botas técnicas, mas sim uma cana média de modo que consiga proteger o tornozelo. Se a actividade se desenrolar em períodos secos procuraremos uma bota com o máximo de transpirabilidade em deterioramento da impermeabilidade. 

Se o que procuras é um calçado para chegar ainda mais alto, com o qual possas pisar sem problemas, neve ou gelo e permita colocar uns crampons, proporcionando maior protecção contra o frio, deves eleger umas botas de alta montanha. Em média montanha dificilmente encontraremos neve dura, mas encontraremos varias espessuras de neve fofa. Em face da probabilidade de encontrar neve, a bota precisa ter uma cana maior e de preferência com sola que mesmo que flexível seja cramponável. Uma vez que encontraremos neste tipo de actividades, condições mais duras do que em tempo seco, devem ser umas botas mais técnicas que incluam uma membrana que nos permita um bom grau de impermeabilização e transpirável e características anti-abrasivas. 
Se o teu objectivo for mais ambicioso e o que pretendes é conquistar um cume em condições extremas de frio, deves eleger umas botas classificadas como de alta montanha extrema, ou botas técnicas de alpinismo e montanhismo. Para terrenos técnicos ou alpinos, procuraremos sempre uma bota dura de solas rígidas, chamadas botas de alta montanha ou botas técnicas. Quanto mais técnico seja o terreno, melhor funcionam umas botas rígidas. Durante as marchas de aproximação, as solas rígidas tornarão o caminhar um pouco pesado, mas contam a seu favor, que ajudam também a reduzir a fadiga dos nossos pés e pernas nos momentos que teremos que superar zonas com pequenos ressaltos rochosos e cascalheiras. Para progressão na neve dura com crampons, são as botas perfeitas, devido ao seu peso e à sua rigidez. As solas duras permitem também um maior controle se for necessário escalar ou trepar por terreno rochoso, pois adaptam-se melhor e têm maior estabilidade em pequenas saliências ou buracos. A cana destas botas deve ser sempre alta. Existe a possibilidade de adquirir botas de cano extra alto para aquelas pessoas que vão caminhar quase sempre por terrenos com muita neve, ainda que actualmente estes canos estão caindo em desuso devido ao seu incómodo, e podem facilmente ser substituídos por polainas.

Se o teu objectivo for mais ambicioso ainda e pretenderes escalar em gelo, então deves eleger umas botas para esse fim. Ainda que historicamente se tenham utilizado botas de plástico para esta actividade, hoje em dia existem botas de material sintético muito parecidas às do capitulo anterior, visto que permitem maior conforto. Mas também é verdade que as botas de plástico permitem maior controle nestas situações, pelo que é a opção mais recomendável, ainda que o pior seja o seu transporte e claro, caminhar com elas. As botas de plástico proporcionam-nos o maior grau possível de rigidez, pois são completamente rígidas por fora e são ideais para utilizar crampons técnicos e além disso são 100% impermeáveis. No seu interior incluem meias de material sintético com as propriedades necessárias de isolamento e transpiração. A sua utilização não fica limitada à escalada em gelo, pois também podem ser utilizadas com raquetes ou travessias de vários dias por terrenos nevados. Actualmente estão a ser aplicadas novas tecnologias nestas botas que as tornam cada vez mais polivalentes. 

Outras características a levar em conta para eleger a melhor bota

  • Para sair dos caminhos, a bota deverá proteger os tornozelos, deves eleger botas de cano alto. 
  • Se vais percorrer terrenos húmidos chuvosos, deves prestar especial atenção à impermeabilidade da tua bota. 
  • Para baixas temperaturas com neve, as botas devem ser preparadas com isolante térmico, para suportar melhor as temperaturas extremas. 
  • No caso de ser necessário o uso de crampons, deves eleger uma bota com sola rígida. Se os crampons forem automáticos, a sola requer uma forma apropriada na biqueira e no calcanhar para adaptar os crampons automáticos (as botas de trecking preparadas para adaptar crampons automáticos não são adequadas para travessias invernais, pois podem causar problemas de congelamento). 
  • O comprimento da bota é um factor muito importante. A bota não deve ser demasiado grande, pois o pé move-se dentro dela e poderá causar bolhas por fricção. Também não devem ser demasiado justas, pois magoarão os dedos nas descidas. Aconselha-se que o interior da bota deve medir no mínimo 1 cm a mais que o pé. Para testar o comprimento deve colocar um dedo (nem mais nem menos) entre a bota e o pé, estando na posição de pé com a bota colocada e sem atar os cordões, e com os dedos pressionadas até à frente da bota. Quando atares os cordões e ajustares a bota ao pé, este deslizará para trás, deixando um espaço vital para os dedos. 
  • O ajuste superior da bota, sobre o arco do pé é em simultâneo com o comprimento um factor muito importante. Se os cordões não ajustarem bem o pé, este move-se enquanto caminhamos. Para experimentar o ajuste superior podes atar os cordões e de seguida colocar a palma da mão por cima do arco do pé. Se a bota calçar correctamente, deves ter uma sujeição estável, sem que seja demasiado estreito nem demasiado largo. Se a bota é demasiado grande ou larga, os ganchos dos cordões aproximam-se demasiado. Se forem demasiado pequenas ou estreitas, sentirás o pé comprimido e os cordões encurtam muito. 
  • O calcanhar deve encaixar o melhor possível na parte de trás da bota e não deve mover-se de um lado para o outro. De preferência não deve subir mais que 5mm desde a palmilha. Demasiado movimento do calcanhar será normalmente causa de bolhas nos pés. Podes experimentar as botas colocando-as nos pés e apertando bem os cordões e então dar golpes no chão com a biqueira voltada para o solo, de forma a tentar mover o pé para a frente dentro da bota. Logo que os pés tenham chegado à biqueira, comprova se o calcanhar se moveu. O calcanhar do pé deve-se ajustar à base do calçado, oferecendo uma fixação total contra o cano do tornozelo. 
  • Deve existir sempre um espaço para os dedos do pé dentro das botas, tanto à frente como dos lados, entre os pés e a biqueira da bota. Um espaço reduzido machucará os dedos, principalmente nas descidas. Para testar isto, deves colocar as botas e apertar bem os cordões e pisar o solo ou saltar algumas vezes, para verificar se os dedos são pressionados contra a biqueira da bota. Deve existir espaço suficiente dentro da bota para poder mover os dedos. 
  • A biqueira da bota, deve permitir que o movimento produzido ao caminhar não dificulte a corrente sanguínea e o conforto dos dedos. 
  • Uma bota muito ajustada ao pé pode produzir má circulação sanguínea, provocando o arrefecimento dos pés e aumentando assim a probabilidade de aparecimento de congelações. 
  • Se tivermos que optar por uma bota justa ou larga, é preferível optar pela larga, pois ainda que fiquem largas, as botas têm tendência a encolher um pouco e é sempre possível encher com umas meias mais grossas e além disso os pés incham um pouco durante as caminhadas, principalmente se caminharmos para cotas mais altas. 
  • É aconselhável experimentar a bota subindo e descendo uma rampa, pois o comportamento do calçado no terreno plano é diferente do que vamos encontrar nas nossas saídas, onde os desníveis serão comuns. Desta forma o pé move-se de forma natural e poderemos detectar folgas e possíveis futuras moléstias. 
  • É necessário experimentar as botas, pois é normal que se tenha um pé maior que o outro, e ainda que a diferença seja mínima (meio número na medida inglesa, implica uma diferença de 4mm de comprimento), por vezes depende deste pormenor a escolha do tamanho da bota. É conveniente escolher um tamanho que se necessite e não um tamanho superior como se fazia antigamente. 
  • Quando experimentar as botas, é conveniente levar calçadas as meias que usaremos nas nossas caminhadas, levando em conta que umas boas meias é primordial para conseguir o máximo rendimento do calçado. 
  • Quando decidires comprar umas botas, é preferível experimentar as botas no período da tarde, porque o pé pode inchar até um tamanho acima durante o dia, o que naturalmente também acontecerá durante a realização de actividades desportivas. 
  • Não te fies demasiado no teu número normal de calçado. Dependendo de cada fabricante, forma, palmilha, etc, podem existir diferenças bastante grandes para um mesmo número. O tamanho é indicativo. A marca Bestard, por exemplo, oferece uma grande variedade de formas, tamanhos e tamanhos intermédios suficientemente ampla para que possas encontrar uma bota que se ajuste bem ao teu pé, não esquecendo o comprimento, a planta do pé, o calcanhar, o tornozelo, espaço para os dedos e a perfeição do calçado. 
  • Quando experimentares as botas, examinar se existe alguma costura ou pormenor de mau fabrico que cause incómodo. 
  • Se estiveres na dúvida entre dois modelos semelhantes, confia sempre na tua primeira impressão. 

Conselhos práticos

  • As botas confeccionadas com tecidos e peles finas (trecking e hicking), podem-se tratar com produtos que impermeabilizam a parte externa. Este pormenor é importante, pois mesmo que algumas botas tenham membranas interiores impermeáveis e transpiráveis, se o exterior se molhar, perderemos calor na pele. 
  • Em caso de frio intenso e caímbras, podem usar-se cremes e loções especiais, que depois da sua aplicação, activam a circulação sanguínea, proporcionando calor na zona aplicada e uma sensação de repouso. Em caso de emergência também podem usar-se umas bolsas, que ao serem esfregadas, produzem uma reacção química libertando um intenso calor e que poderão ser aplicadas nos pés. 
  • Uma bota de um tamanho inadequado pode chegar a provocar bolhas nos pés, um dos maiores inimigos do montanheiro. 
  • No caso de surgirem problemas de bolhas nos pés, existem uns pensos muito finos, que imitando uma segunda pele, evitam e previnem a sua aparição. 
  • Umas boas meias, são fundamentais para um óptimo resultado das botas. 
  • As mudanças bruscas de temperatura, podem deteriorar e envelhecer prematuramente as botas. Assim devem ser evitadas as aproximações e/ou secar as mesmas junto do fogo, radiadores, junto a janelas de veículos fechados, expostas ao sol ou em exteriores. 
  • Se as botas se molharem, é conveniente seca-las à temperatura ambiente. È conveniente extrair as palmilhas e podemos ajudar utilizando papeis de jornal que serão introduzidos no interior da bota para absorver a humidade. 
  • Se a bota de pele for guardada durante longos períodos de tempo, ou se notarmos sinais de secagem (rachadelas), devemos aplicar um tratamento hidrófugo. Apenas podemos aplicar graxas sintéticas, uma vez que a tradicional graxa animal pode chegar a apodrecer a pele. Uma graxa inadequada pode destruir a hidrofugação original da pele. 
  • Devemos evitar que se introduzam nas botas elementos, especialmente pontiagudos ou cortantes, que possam deteriorar o seu interior, principalmente nas botas que tenham membrana impermeável e transpirável, a qual pode perder toda a sua eficácia. 
  • Se não tens um bom calçado, não te detenhas na neve. Coloca-te em cima de uma pedra para evitar a perda de calor por influência do contacto. 
  • É importante ter as unhas bem cortadas, para evitar que fiquem negras e acabem por cair. 

Cuidados a ter com as botas 

  • As botas sintéticas e ligeiras necessitam de tantos cuidados como as botas tradicionais. Inclusive podemos aumentar a impermeabilização das botas ligeiras, tratando-as com assiduidade com produtos impermeabilizantes e de manutenção. Impermeabilizantes como Sno-Seal, Texnik, G-Wax, Leath-R-Seal, talvez sejam os melhores do mercado. Devemos prestar maior cuidado com as costuras. Para uma impermeabilização máxima, devemos tratar também o interior das botas. Quando as botas estiverem sujas, devem ser lavadas com jacto de água fria usando uma pequena escova para limpar os restos de lama e sujidade. Depois de as lavar e antes de as secar, deve ser dada cera a fundo com qualquer dos produtos mencionados ou outros existentes no mercado. À medida que as botas vão secando num local abrigado e arejado, o impermeabilizante vai secando nas costuras. Após as botas ficarem secas, deve-se repetir a operação de impermeabilização. 
  • As botas de couro necessitam mais cuidados e atenção que as botas sintéticas e devem ser tratadas com azeite vegetal ou animal, como por exemplo o sebo, antes de as usar pela primeira vez. Após o tratamento, devem ser calçadas durante 3 ou 4 incursões de um dia para iniciar o processo de adaptação ao pé. Este processo deverá ser cuidadoso e gradual, pois leva algum tempo até que o couro se adapte e que as fibras e palmilha se moldem ao pé do montanheiro. 
  • Perante o exposto, só resta desejar que desfrutes e aproveites ao máximo as tuas botas de montanha. 
Amadeu Barros

sexta-feira, 24 de abril de 2015

Bastões de Caminhada



Muita gente pergunta qual a vantagem de utilizar o bastão de caminhadas. 
Vamos tentar explicar os benefícios e contras do uso dos bastões em caminhadas, de forma a ajudar a esclarecer algumas dúvidas.


Na realidade, o bastão de caminhadas tem-se tornado um equipamento obrigatório para muitos desportistas que praticam longas caminhadas, sendo muito útil também para quem leva a mochila nas costas. Existem vários estudos que demonstram que o esforço da caminhada usando bastões é mais repartido entre os diversos membros bem como pelo resto do corpo, sendo um factor importante na redução de cargas de força exercida sobre a coluna vertebral, nas costas e sobretudo nos joelhos. É sobretudo nas zonas de maior declive que a sua influência se faz sentir como factor de potencial equilíbrio do corpo e nos movimentos e da distribuição corporal do esforço. Em pisos mais irregulares ou com neve e gelo facilitam o equilíbrio e a progressão. Também contribuem para a manutenção de uma postura mais correcta, contribuindo num ciclo respiratório mais intenso e activação da circulação sanguínea.
Investir num par de bastões de caminhada poderá proporcionar mais prazer, mas acima de tudo, proporcionar mais segurança e menos esforço ao caminhar. É um equipamento essencial para quem costuma fazer caminhadas. Resumindo, os bastões são uns óptimos amigos.

Tipos de Bastão de caminhada

Bastões anti-choque

Estes bastões possuem molas anti-choque no seu interior, proporcionando um amortecimento maior aos impactos. As molas podem também ser desactivadas em alguns modelos. Este modelo de bastões é mais recomendado para quem tem problemas de joelhos ou tornozelos.




Bastões standard

Estes modelos não possuem as molas e por isso são mais leves e mais baratos. Podem ser encontrados bons modelos no mercado para satisfazer as necessidades de qualquer caminhante.



Bastões retrácteis

São bastões feitos em alumínio e que podem ser compactados em tamanho bem pequeno, para serem guardados. Funcionam com uma corda no seu interior que é puxada e tensionada para manter o bastão firme (mesmo sistema das muletas retracteis). São muito leves e práticos, mas não podem ter o seu comprimento variado.




Tipos de material

Existem basicamente dois tipos de materiais mais utilizados para os bastões de caminhada, Duraluminio e Fibra de Carbono:

Duralumínio ou alumínio high-grade: é um material muito resistente e económico. Os bastões feitos de duralumínio costumam ser muito leves. Normalmente pesam aproximadamente 350 gramas. Uma das vantagens deste material é que o duralumínio pode dobrar, perante um esforço muito elevado, mas não quebra completamente.

Fibra de Carbono: é um material muito leve e resistente e costuma pesar aproximadamente 310 gramas. São também modelos um pouco mais caros e muito indicados para situações mais extremas de caminhadas. Ao contrário dos modelos de duralumínio, os de fibra de carbono podem quebrar perante situações de extrema tensão.

Grips ou Punhos

A Grip ou punho é a extremidade onde o caminhante segura o bastão. Sempre possui uma alça de fixação para ser colocada em volta dos pulsos. A sua função é a de proporcionar uma melhor pega e aliviar a pressão nos pulsos, além de evitar que caiam acidentalmente da mão.
As grips ou punhos podem ser de 3 tipos:

Cortiça:

São muito confortáveis e aliviam muito o suor das mãos e reduzem bastante as vibrações.









Borracha:

Absorvem bem o choque e vibrações e proporcionam uma óptima pega, especialmente quando se sobe algum terreno. No entanto, não fazem boa absorção do suor das mãos, embora que os modelos mais recentes possuem ranhuras que minimizam este problema.






Espuma:

É uma opção muito utilizada por ser um óptimo absorvedor do suor das mãos e ser muito macio ao tacto.





Baskets e Ponteiras

As baskets são os acessórios acoplados nas ponteiras para limitar a penetração destas em diversos tipos de solo. Existem modelos para terreno mole, lama ou neve. É um acessório importante que normalmente acompanha o bastão na sua versão original.

As ponteiras costumam ser de aço, tungestenio ou carbono e são importantes para uma boa penetração no terreno. As ponteiras podem ter a forma achatada, redonda ou concava, sendo as preferidas as de pontas achatadas ou redondas, uma vez que têm melhor aderência às irregularidades das rochas. Normalmente os bastões são fornecidos com protectores de borracha para as ponteiras, que protegem as mesmas durante o transporte. As protecções também evitam furar roupas ou outros objectos na bagagem quando o bastão não é usado. Convém lembrar que a protecção de borracha tem somente esta função e não deve ser mantida no bastão quando estiver a caminhar com os bastões.


Alças do punho

São as cintas que se encontram nos punhos dos bastões e se colocam ao redor do pulso para apoiar directamente o peso no pulso e não na mão, evitando desta forma que a mão esteja constantemente a pressionar o punho do bastão, o que causaria dor e eventualmente bolhas ou feridas se a caminhada for grande. Como curiosidade convém advertir que quando atravessarmos uma zona com vários obstáculos e grandes dificuldades, o melhor será não usar as alças do punho e agarrar o punho do bastão directamente, porque se cairmos com os bastões agarrados aos pulsos corremos o risco de não conseguirmos deter a queda com as mãos e na pior das hipóteses fracturarmos os pulsos.

Rosetas

Estas peças de forma circular, com pequenos dentes, cumprem a função de evitar que o bastão se afunde se nos apoiar-mos em terreno mole ou nevado. O problema com as rosetas é que se estas forem muito grandes diminuirão o ângulo de ataque do bastão. Se o ângulo entre o bastão e a superfície for muito grande, acontece que a roseta seja a que se apoia no solo em vez da ponteira do bastão, o que pode provocar acidentes, porque provavelmente o bastão deslizará ao estar apoiado apenas pela roseta.

Vantagens dos bastões em caminhadas:

  • A vantagem mais importante dos bastões, é que melhora notavelmente a distribuição do peso que levamos e portanto melhora o rendimento físico, a quantidade de quilómetros que podemos caminhar e o conforto. Ao caminhar com bastões, parte da força que fazem os quadricipedes e gémeos para suportar toda a carga, distribui-se pelos músculos peitorais e dos braços, assim utilizamos um maior número de músculos para distribuir a carga e cada um deles trabalha em menor esforço.
  • Proporcionam melhor equilíbrio e rendimento durante a caminhada. É pura lógica, que ao possuir quatro pontos de apoio em vez de dois é muito mais fácil manter o equilíbrio, desde que se alternem os bastões e pés de maneira correcta.
  • Permitem que trabalhe também a parte superior do corpo.
  • Como os braços estão em permanente movimento, evitam o tradicional inchaço das mãos em dias mais quentes.
  • Diminuem o esforço nas subidas, reduzindo consideravelmente o esforço e pressão nos joelhos e articulações.
  • Nas subidas, os bastões transferem parte do esforço para os ombros, costas e braços, reduzindo o esforço e a fadiga das pernas.
  • Ajudam o caminhante a estabelecer um bom ritmo de caminhada.
  • Aumentam a segurança nos terrenos acidentados, cheios de pedras ou demasiado lisos.
  • Em casos de torção do pé, o bastão pode ser utilizado como apoio e pode livrar o caminhante de se ferir na caminhada.
  • Podem ser usados para verificar a estabilidade do terreno antes de prosseguir e também para verificar a presença de cobras ou outros animais, dependendo do local onde estiver a caminhar.
  • O uso do bastão de caminhadas, ao contrário do que parece, não diminui o gasto de energia pelo caminhante. Muitos especialistas garantem que de facto aumenta até 20% este gasto energético, pois o caminhante é obrigado a movimentar todo o corpo, como braços e ombros, no entanto tem a vantagem de proteger o desgaste físico das pernas, distribuindo o esforço por quase todo o corpo.
  • Os bastões são também muito recomendados para quem tem problemas nos joelhos ou tornozelos, principalmente nas subidas e descidas de terrenos mais acidentados. De acordo com estudos elaborados sobre o assunto, esta compressão pode ser reduzida até 25%.

Desvantagens dos bastões em caminhadas

  • Técnica incorrecta do uso de bastões. Se a distância entre o corpo e o bastão for muito grande, não apenas reduz o alivio de esforço como poderá resultar num forte torque que poderá levar o caminhante ao desequilíbrio e queda.
  • Segundo adverte a UIAA, o uso continuado dos bastões diminui o sentido do equilíbrio e a coordenação, pelo que aconselha o seu uso apenas de vez em quando. Em caminhadas longas recomenda-se alternar períodos de caminhada com bastões e outros períodos sem bastões, dependendo do terreno e das características deste.
  • Mecanismos de redução de protecção fisiológica. Forte pressão e estimulo por esforço são muito importantes para a nutrição das cartilagens das articulações e também para treino e manutenção da elasticidade da musculatura de esforço. O uso contínuo de bastões diminui estes importantes estímulos por esforço.
  • Aumento da frequência cardíaca devido ao aumento da actividade muscular nas extremidades superiores.
  • Falsa segurança em zonas com neve dura, não devemos fazer a progressão apenas com bastões nestes casos, mas sim com o piolet, podendo ajudar com um bastão e guardando o outro na mochila, pois desta forma em caso de queda poderemos sempre fazer uso do piolet para a auto-detenção.

Um ou dois bastões?

Esta pergunta é pertinente e logicamente caberá a cada um decidir a opção a tomar, no entanto convém ter atenção ao efeito dos bastões, ou seja, quando caminhamos uma perna é que recebe todo o peso do nosso corpo, mais a carga da mochila, mantendo o equilíbrio até ao passo seguinte, quando todo este peso se transfere para a outra perna. 

Então dois bastões bem utilizados proporcionará sempre dois pontos de apoio em vez de uma só perna transferindo o esforço pelos dois pontos de apoio (perna e bastão). Utilizar um par de bastões, é como andar com 4 pernas, pois repartem os esforços a todas as extremidades e portanto oferecem maior segurança do que apenas um bastão. Para tirar benefício desta situação deve utilizar os bastões como se fossem suas outras duas pernas, ou seja quando se avança com a perna esquerda, avançamos com o bastão direito e assim por diante.

Alguns conselhos para a compra de bastões

Ao escolher o tipo de bastão de caminhada, convém levar em conta as características de resistência dos materiais de fabrico e procure investir num produto de boa qualidade, pois desta forma poderá obter o máximo retorno do seu investimento. 

Escolha sempre um par (2 peças), pois o rendimento em marcha será muito melhor ao utilizar dois bastões, um em cada mão.

Existem bastões de 2 ou 3 secções extensíveis, aconselha-se a compra do de 3 secções, pois ocupam menos espaço ao acondicionar na mochila.

Não confundir resistência com ligeireza, os bastões ultra-ligeiros são muito atractivos na loja, mas duram menos que os outros.

O mecanismo de fixação dos lanços telescópicos devem ser sólidos. É a primeira coisa que falha num bastão. Os de sistema giratório estragam-se com maior facilidade, sendo preferível o sistema de patilha similar aos fechos rápidos das bicicletas.

Ter particular atenção aos punhos, devem ser cómodos e anatómicos, sendo preferíveis os de cortiça ou espuma.
A alça do punho deve ser similar à dos bastões de esqui de fundo, cómoda e anatómica.

A ponteira do bastão deve ser dura e o ideal será adquirir um bastão que permita a troca de ponteiras, porque este factor é importante para a vida do bastão.
Os bastões com sistema de amortecimento geralmente apenas servem para tornar os bastões mais pesados e por vezes ganham ruídos com o flectir da mola. Este sistema apenas faz sentido em terrenos com muitas pedras, caso contrário costumam produzir bolhas, queimaduras e feridas nas mãos e pulsos. Se caminharmos em neve, lama, ou terreno mais suave, este sistema não faz sentido.


Como utilizar o bastão de caminhada

Os bastões de caminhada podem ser ajustados na sua altura, aproximadamente entre 66 cm e 135 cm. Normalmente trazem marcações para facilitar o ajuste.
Abrir sempre os 3 segmentos do bastão por igual, não alargar apenas um.
Colocar correctamente a alça do punho, muitos caminheiros utilizam-a incorrectamente.

Subindo no terreno: Diminuir o comprimento das astes em alguns centímetros para aumentar a capacidade de alavancagem do bastão.

Descendo no terreno: aumentar o comprimento das astes em alguns centímetros para proporcionar maior controle e equilíbrio. É importante usar os bastões o mais perto possível da linha de queda do corpo. Se os bastões forem usados correctamente nas descidas de encostas, poderão absorver várias toneladas de peso da parte inferior do corpo por hora de caminho.

Em terreno plano: Para o ajuste normal do comprimento do bastão, o braço deve ficar horizontal formando um ângulo recto de 90º quando o bastão estiver na mão e apoiado no chão. Já foi demonstrado que não há diferença significativa no uso de um ou dois bastões em caminhada sem carga, mas ao caminhar com carga o equilíbrio é significativamente reforçado pelo uso de dois bastões.

Em terreno inclinado: O bastão mais abaixo deve ser mais longo e o bastão que fica acima deve ser mais curto. Em alternativa deve pegar no bastão mais abaixo do grip ou punho.

Em grandes altitudes ou em ambientes mais frios: os bastões não devem ser ajustados em tamanhos muito longos (as mãos devem ficar mais baixas que o cotovelo no uso do bastão), de contrário a circulação sanguínea será afectada e o usuário terá dedos frios em curto espaço de tempo.

Utilizar em cada caso a roseta mais adequada, grande para neve e pequena ou nenhuma para caminhos de terra.

As vantagens e desvantagens do uso de bastões, devem ser avaliadas caso a caso. Como os bastões podem tornar-se de difícil manipulação e caso precise de ter as mãos livres em terrenos de maior dificuldade, é importante ter uma forma de os fixar na mochila e o melhor será prendê-los com as pontas para baixo, para evitar cegar os olhos do caminhante seguinte.

Definitivamente, os bastões são uma parte do equipamento de trecking que não deve faltar. Não ocupam muito espaço nem são muito pesados e são uma ajuda bastante significativa durante a caminhada, sobretudo verifica-se quando fizermos mais de 5 horas de caminhada, onde se notará a distribuição do esforço entre mãos e pernas.

CMB